03.02.2009 // Natura Algarve
Devido às suas características de barco pequeno, mas resistente e veloz, este tipo de embarcação foi uma das mais utilizadas pelas gentes de Olhão na pesca do alto mar. No entanto o original ao qual esta réplica se refere destacou-se na história de Olhão e do Algarve, não pelas pescarias nas costas de Marrocos, mas pela aventura da viagem ao Brasil. Os acontecimentos remontam a 1807, quando durante as invasões napoleónicas, o general Junot, envia o marquês de Campigny para se estabelece em Faro. Com a ajuda do coronel José Lopes, Olhão revolta-se contra o exército invasor ajudando a libertar a cidade vizinha originando a revolução que culminou com a luta decisiva na ponte de Quelfes, expulsando os franceses do Algarve. Após este acontecimento as gentes de Olhão decidiram empreender a viagem atlântica para levar a notícia ao príncipe regente D. João e a embarcação escolhida foi o caíque Bom Sucesso que iniciou a viagem a 6 de Julho de 1808, tendo como tripulantes dezassete pescadores olhanenses, sendo o mestre Manuel Martins Garrocho e o piloto, Manuel de Oliveira Nobre. A 22 de Setembro, depois de atravessar o Atlântico, o caíque chega ao Rio de Janeiro, onde D. João honra os pescadores concedendo-lhes um diploma que eleva o lugar de Olhão a “Vila de Olhão da Restauração”, e atribui também o título de marquês de Olhão a D. Francisco de Mello e Cunha.
Segundo os registos, todos os tripulantes regressaram à sua terra contribuindo para considerar esta viagem um dos grandes feitos marítimos da nossa história, pois tratava-se de uma embarcação de pesca que embora estivesse vocacionada para o alto mar, não estaria equipada para uma viagem daquela envergadura atravessando o Atlântico, nem a embarcação, nem os tripulantes, que não teriam mapas e instrumentos de orientação adequados aquela viagem, pois a pescaria em alto mar era maioritariamente na costa marroquina. É desta forma que o Bom Sucesso enquanto protagonista de um feito que enaltece o orgulho dos olhanenses, se torna tão emblemático para a cidade e que a sua presença se torna importante para o preservar da memória e da identidade.
in http://lugaresdosul.blogspot.com/2007/05/caque-bom-sucesso.html
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02.02.2009 // Natura Algarve
”O tempo não está para isso” e “a crise não dá para mais” calha sempre bem e é uma desculpa fácil.
Conhecer a Ria Formosa com frio é tão bom ou melhor do que conhecê-la em Agosto. Passo a inumerar as vantagens:
- Há menos barcos
- Não há motas de água que passam a escassos metros a 30 nós
- As praias estão desertas
- Não há lixo na areia
Passeios de barco com frio não tem banhos e mergulhos, mas tem chá quente e biscoitos. Tem um barco com cobertura total que não deixa o frio entrar. Tem silencio, se desejar tem sardinhada na ilha, tem pássaros para observar, tem silencio, tem paz…
Preços a partir de 35 euros com almoço incluído.
Encha o peito com ar e arrisque-se a passar um dia diferente…
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28.01.2009 // Natura Algarve
Sabe o porquê das arribas na Praia da Falésia, em Vilamoura terem tantos seixos e calhaus no topo e não na base?
Quando nos passeamos por esta praia, notamos que os sedimentos mudam de areia na base para grandes seixos e calhaus no topo. Estes depósitos grosseiros do topo são o resultante dos antigos aluviões da ribeira de Quarteira, abandonados pela migração lateral da ribeira.
Quando há 18 mil anos (Último Máximo Glacial) o nível médio do mar se encontrava a -140 m relativamente ao actual, todos os rios e ribeiras tinham uma capacidade erosiva muito grande, pois o seu nível de base (o nível do mar) estava muito rebaixado. Ou seja, transportavam enormes quantidades de material desde a serra até ao bordo externo da plataforma continental, num percurso mais longo (sedimentos mais finos da base).
A partir dos 10 mil anos, o nível do mar começou a subir de modo muito acelerado e os rios e as ribeiras foram ficando cada vez mais envelhecidos, isto é, sem capacidade para erodir ou transportar, começando a migrar lateralmente na sua planície aluvial abandonando os sedimentos que transportavam anteriormente nos terraços fluviais (seixos e calhaus mais grosseiros no topo).
No seu próximo dia livre, aproveite para relaxar num passeio à beira mar e repare neste interessante detalhe da geologia da costa Algarvia.
Bibliografia
- Moura, D. Boski, T. (1999). Unidades litostratrigraficas do Pliocénio e Plistocenio no Algarve. Comum. Inst. Geol. E Mineiro, t.86, pp85-106
- Moura, D. Boski, T. (1999). Pliocenes and Pleistocene lithostratigrafic units in the Algarve. Comum. Inst. Geol. E Mineiro, t.86, pp85-106
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