FCTUC desenvolve solução tecnológica inovadora para protecção da Zona Costeira Portuguesa
05.03.2009 // Natura AlgarveUma equipa multidisciplinar de investigadores (biologia, botânica, ambiente e engenharia) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a desenvolver uma Tecnologia Inovadora para proteger a Zona Costeira Portuguesa, reabilitar áreas degradadas e criar condições favoráveis para o turismo e a pesca. Os primeiros trabalhos surgiram com o estudo denominado ‘Recuperação do Sistema Dunar da Leirosa’, com financiamento privado, e prosseguiram com o projecto ‘Novos Conceitos de Protecção para a Costa Portuguesa’, este integralmente financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Além dos investigadores da FCTUC e do IMAR - Instituto do Mar, colaboram o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e o Instituto Superior Técnico. Considerando as elevadas vulnerabilidades e riscos de grande parte da zona costeira portuguesa, a solução tecnológica proposta tem por base observações de fenómenos naturais que conduziram ao desenvolvimento e valorização de estruturas submersas com incorporação de multi-funcionalidades. Trata-se de um investimento estruturante, com impactos múltiplos na qualidade de vida das populações locais e na economia (nomeadamente pesca e turismo), contribuindo para um desenvolvimento harmonioso, equilibrado e sustentável da nossa vasta zona costeira. “Será, sem dúvida, uma óptima aposta. A implementação de estruturas submersas, usando material geotêxtil apresenta vantagens indiscutíveis: eficientes sob o ponto de vista de protecção, financeira e ambientalmente muito mais atractivas do que as estruturas convencionais, elevado nível de segurança, longevidade do material, mesmo em ambientes agressivos, plataformas flexíveis e de fácil implementação, ambientalmente sustentáveis e propícias à criação e realce de ecossistemas marinhos de grande valor”, frisa o coordenador do estudo, Antunes do Carmo. Para aplicação destas estruturas submersas, com um bom exemplo já implementado na Costa Este da Austrália (que rapidamente passou a constar do roteiro mundial para a prática de Surf), os investigadores começaram por desenvolver uma estrutura computacional adequada para a propagação de ondas e simulação dos efeitos de refracção, empolamento e rebentação das ondas. Um processo altamente complexo, tendo em conta o elevado número de variáveis em causa (fundos impermeáveis ou porosos, ondas tipicamente não-lineares, fenómenos de reflexão, processos de rebentação, formas, ângulos e dimensões das estruturas submersas e distâncias à linha da costa, etc.). Os resultados conseguidos são altamente promissores e os cientistas estão já em fase de optimização das características finais da estrutura-tipo, garantindo que esta cumpre a dupla função: protecção da zona costeira de situações de mar mais energéticas e obtenção das melhores ondas em condições favoráveis para a prática de Surf. “É urgente uma consciencialização pública para a gravidade dos problemas que ocorrerão a curto e médio prazos em diferentes zonas da costa portuguesa, em particular nas proximidades de aglomerados urbanos. Se não forem adoptadas medidas rápidas de prevenção e reabilitação das zonas mais degradadas, com o precário equilíbrio dinâmico existente aliado a uma previsível subida do nível médio do mar, que segundo estudos recentes atingirá cerca de 0.50 m a 0.60 m neste século, dentro de uma a duas décadas será muito mais dispendioso reparar os danos e mitigar os efeitos”, alerta o investigador da FCTUC, especialista em Hidráulica Fluvial e Marítima.
Fonte: CienciaPT