Alteração na distribuição de ervas marinhas na Ria Formosa
24.02.2009 // Natura AlgarveAs ervas marinhas estão consideradas como um tipo de vegetação costeira mais produtiva do mundo. Tem como função estabelecer e enriquecer o sedimento, estabelecem um ciclo de renovação de nutrientes, providenciam zonas de desova e locais de maternidade a inúmeras espécies e constituem uma fonte de alimento e de habitat para muitas espécies marinhas.
Como exemplo de ervas marinhas temos a Zoostera nolti, também conhecida localmente como sebarrinha. Sobre esta ultima um grupo de investigadores da Universidade do Algarve realizou um estudo, com o objectivo de perceber como a dinâmica das ilhas barreira pode influenciara distribuição desta erva.
Recorreram a dados e registos fotográficos desde 1940 que lhes fornecia a cobertura desta erva marinha na Ria no passado. Durante estes anos foram registados eventos como a migração natural das ilhas, a abertura artificial de uma das barras e o alargamento de canais. Mais recentemente realizaram mais algumas experiências no campo que lhes davam a entender que tipos de perturbações afectam esta espécie.
Foi notado que de facto há alterações na cobertura da área total e na distribuição de Zoostera nolti ao longo da Ria, sendo que na maioria das vezes estes valores diminuem.
As conclusões deste trabalho mostram que a distribuição natural das ervas marinhas altera em resposta a alterações naturais e humanas. Este estudo dá também importância à perspectiva histórica do meio ambiente e que a análise destes registos deve ser tida em conta aquando do planeamento de um estudo.
Quando se pretende avaliar as alterações existentes do meio, deve-se olhar também para o passado, de modo a que o factor “acção antropogénica” não seja confundido com o factor “causa natural” e vice-versa.
Fonte: A.H. Cunha , R.P. Santos, A.P. Gaspar, M.F. Bairros. (2005) Seagrass landscape-scale changes in response to disturbance created by the dynamics of barrier-islands: A case study from Ria Formosa (Southern Portugal). Estuarine, Coastal and Shelf Science 64. 636 - 644