A Geologia e o Algarve
28.01.2009 // Natura AlgarveSabe o porquê das arribas na Praia da Falésia, em Vilamoura terem tantos seixos e calhaus no topo e não na base?
Quando nos passeamos por esta praia, notamos que os sedimentos mudam de areia na base para grandes seixos e calhaus no topo. Estes depósitos grosseiros do topo são o resultante dos antigos aluviões da ribeira de Quarteira, abandonados pela migração lateral da ribeira.
Quando há 18 mil anos (Último Máximo Glacial) o nível médio do mar se encontrava a -140 m relativamente ao actual, todos os rios e ribeiras tinham uma capacidade erosiva muito grande, pois o seu nível de base (o nível do mar) estava muito rebaixado. Ou seja, transportavam enormes quantidades de material desde a serra até ao bordo externo da plataforma continental, num percurso mais longo (sedimentos mais finos da base).
A partir dos 10 mil anos, o nível do mar começou a subir de modo muito acelerado e os rios e as ribeiras foram ficando cada vez mais envelhecidos, isto é, sem capacidade para erodir ou transportar, começando a migrar lateralmente na sua planície aluvial abandonando os sedimentos que transportavam anteriormente nos terraços fluviais (seixos e calhaus mais grosseiros no topo).
No seu próximo dia livre, aproveite para relaxar num passeio à beira mar e repare neste interessante detalhe da geologia da costa Algarvia.
Bibliografia
- Moura, D. Boski, T. (1999). Unidades litostratrigraficas do Pliocénio e Plistocenio no Algarve. Comum. Inst. Geol. E Mineiro, t.86, pp85-106
- Moura, D. Boski, T. (1999). Pliocenes and Pleistocene lithostratigrafic units in the Algarve. Comum. Inst. Geol. E Mineiro, t.86, pp85-106